Tradição já começa a ganhar espaço no comércio; gorjetas podem garantir até o 14º salário dos prestadores de serviços
Sofisticadas, coloridas, criativas… Faltando apenas um mês para o Natal, a tradição de elaborar uma espécie de cofrinho para receber o bônus de fim de ano mostra que está cada vez mais presente nos estabelecimentos. Sempre enfeitadas, as famosas ‘caixinhas de Natal’ são estrategicamente posicionadas para sensibilizar o cliente e garantir um faturamento extra para os prestadores de serviços. O barbeiro, o vendedor, a manicure e outras diversas categorias já aderiram à prática e esperam embolsar com as gorjetas pelo menos um terço de seus salários neste final de ano. Em grandes lojas, o dinheiro arrecadado normalmente é distribuído em partes iguais aos funcionários.
Lívia Rocha é proprietária de um salão de beleza em Volta Redonda. A esteticista considera a iniciativa válida e acredita que a prática estimula a prestação de um bom atendimento. “É uma boa forma de retribuição e reconhecimento. Acredito que minhas clientes irão reconhecer minha disponibilidade e prontidão através da caixinha”, brinca Lívia na expectativa de garantir uma boa renda extra. Já Jean Reis, dono de uma loja no Centro de Barra Mansa, prefere optar pela discrição. “Não costumo colocar a caixinha. Acho invasivo. Sem contar que as pessoas estão passando por dificuldades financeiras em geral. Pechincham até no desconto. Se o cliente tiver vontade de contribuir sem a necessidade de um ‘chamariz’ será bem vindo”, pondera o empresário. Outra tradição de Natal, o Livro de Ouro também é utilizado como forma de valorizar e recompensar os funcionários de condomínios residenciais e comerciais. O porteiro e zelador de um prédio no bairro Laranjal, Valter Coutinho, também já providenciou o seu. Com o aval do síndico, o Livro já está posicionado na bancada da entrada principal do imóvel a fim de receber dos condôminos uma gratificação a mais pela prestação de serviços durante o ano todo.
‘Doação deve ser voluntária’ De acordo com a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Volta Redonda, Maria Auxiliadora de Ávila Marcelino, a Dorinha, a entidade apenas orienta que o objeto para a contribuição seja colocado respeitando a opção do cliente em doar ou não e a quantia ofertada por ele. “Já é tradicional e faz parte desse clima de Natal. E é um acordo dos funcionários com a aprovação da empresa. Uma forma carinhosa e solidária de ajudar quem sempre nos acolhe tão bem quando vamos às compras”, comentou, ressaltando que, inclusive, em alguns casos, parte do dinheiro arrecadado com essas caixinhas é usada em confraternizações e melhorias no dia-a-dia desses comerciários.
Prática divide opiniões:
Contra “Não costumo colaborar, ainda mais em tempos de crise. Tá tudo tão difícil, já suamos para pagar nossas contas, gastamos além com as festas de final de ano e se formos contribuir em cada estabelecimento que entramos, não sobra” (Magda da Silva, cozinheira)
Neutro “No momento eu não colaboro pois estou sem renda, sou estudante. Mas já estive do outro lado e aderi à esta prática. Não custa colaborar quando se pode, mas não deve ser uma obrigação”
(Maiara Almeida, estudante)
Favor “Sim! Vale a pena ajudar quem presta um bom serviço e oferece um atendimento legal” (Edson Juvenal, motorista)
“Não só ajudo como ando com a minha caixinha na moto. Esse dinheiro garante o Natal do trabalhador” (José Vitor Alves, auxiliar de serviços gerais)