Rodrigo Drable, Samuca Silva e Ednardo Barbosa têm trajetórias completamente diferentes, mas algo em comum: são jovens e tem pela frente o desafio de administrar seus municípios diante da maior crise da história do estado
Casado e aos 35 anos, Rodrigo Drable foi eleito pela primeira vez vereador em 2012, com 2.923 votos (2.82%), e integra o grupo de prefeitos considerado ‘jovens’. No pleito deste ano, recebeu apoio da maioria dos candidatos à vereança, políticos de municípios vizinhos e ex-prefeitos. Para ele, o país está enfrentando uma transformação da história. “Hoje as pessoas têm acesso à informação, como nunca houve. A capacidade de formação de pensamento é muito diferente do que era há anos. As pessoas têm feito escolhas mais conscientes, conhecendo melhor os candidatos, principalmente em função das mídias sociais. Não acredito que seja o momento da renovação na política, mas da escolha consciente”, frisou o prefeito eleito de Barra Mansa.
Rodrigo Drable enfrentou durante a corrida eleitoral uma série de ataques, principalmente associando seu nome ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (atualmente preso em Curitiba). Para Rodrigo que, apesar de jovem, já passou por seis campanhas eleitorais, esse tipo de jogo sujo e falta de compromisso moral das pessoas é um fato que infelizmente acontece em todas as cidades e temos que conviver com isso. “Sobre o Eduardo Cunha, se fosse algo significativo, teria repercussão nas urnas. Eu apoiei, várias pessoas apoiaram e ele vai pagar pelo seu erro, independente de qualquer coisa”, destacou o prefeito eleito, acrescentando que, com o novo modelo, passando de 90 para 45 dias de campanha, a dinâmica de eleição mudou.
O peemedebista explicou que o processo de transição com o atual prefeito de Barra Mansa, Jonas Marins (PCdoB), já começou. Ele montou uma comissão que também acompanha as reuniões e tem recebido informações de servidores da atual gestão. “O prefeito Jonas admitiu que estava evitando me receber, mas eu fui ao gabinete, bati na porta e pedi audiência. Agora ele me recebeu e quero registrar que está sendo cordial. Superar as diferenças e divergências políticas e pessoais é primordial para a cidade. Isso tem sido feito e acredito que será proveitosa para um planejamento mais efetivo e que dê resultado logo nos primeiros meses.
Apesar do início da transição de cargos, a equipe do prefeito eleito ainda não tem dimensão de toda situação da prefeitura, que, segundo Rodrigo, é preocupante. “A expectativa não é positiva. A dívida é imensa. Os salários dos servidores públicos estão atrasados e já temos a certeza de que a folha de dezembro não será paga, mas temos a esperança que paguem o décimo terceiro. Conto com o bom senso do prefeito, para evitar gerar novas despesas”, salientou o prefeito eleito, elogiando a equipe que escolheu para trabalhar: “Nós temos uma equipe extremamente qualificada e tenho ao meu lado uma vice-prefeita com experiência, comprometimento e capacidade de liderança incrível, para fazer o que Barra Mansa precisa. Não tive nenhum dia de descanso ainda”, frisou.
Com o slogan “Reconstruir Barra Mansa”, Rodrigo Drable enfatizou durante toda campanha eleitoral que o município enfrenta a pior fase da história, principalmente no atendimento de Saúde. Agora, o peemedebista pretende priorizar a área, juntamente com Educação, nos primeiros meses de governo. “Meu objetivo é dar um atendimento de saúde digno e permitir que as crianças comecem o período letivo dentro do prazo e com uma grade curricular completa. Saúde hoje não atende nosso povo. Não podemos permitir que isso continue. Os postos não têm médicos e remédios, Santa Casa atendendo de forma precária porque o volume de procura é muito maior do que a capacidade de atendimento e a Upa fechada. A situação é caótica”, finalizou Rodrigo.
Elderson Silva, o Samuca, do PV, conquistou o eleitorado de Volta Redonda aos poucos, com um forte discurso de mudança e projeto de gestão. Ele somou quase 90 mil votos no segundo turno de uma eleição marcada por um forte sentimento de renovação entre a população, cansada da chamada ‘velha política’.
O prefeito da cidade do aço adiantou em entrevista ao jornal Ponto, como deve ser a sua relação com a Câmara Municipal e setores importantes da sociedade. “Estou ativamente em busca do diálogo. Já fui à Câmara Municipal, onde fui muito bem recebido; já estive com o ministro da Saúde e com o ministro da Educação; conversei com deputados federais apartidários; com donos de empresas de ônibus; estive em São Paulo reunido com a presidência da CSN; Associação de Aposentados; e muitos outros. Sozinho não consigo atingir a todas as camadas da sociedade. Este será um governo marcado pelo diálogo, respeitando os poderes, a independência e com demonstração singela e humilde de que estamos totalmente abertos ao diálogo”, disse.
Em 2012, quando candidato a vereador, Samuca enfatizou a educação. Entre suas plataformas estavam: lutar para que o orçamento público municipal destinasse 30% da receita corrente liquida para a educação e que cada sala de aula tivesse o limite máximo de 25 alunos. Quatro anos depois, Samuca ainda defende a proposta. “O professor e educador tem um papel fundamental na educação e nós temos estruturas para isso. Nós temos que resgatar o diálogo, a dignidade, o respeito, a credibilidade e a valorização da classe. Essa questão dos 30% eu acho que é o caminho. Embora o momento fosse outro, nós estamos agora vivenciando um período de crise financeira, crise de gestão. Nós temos que avaliar a situação do município. Devemos sim limitar a quantidade de alunos em sala de aula por uma questão estrutural de Volta Redonda. Ainda acho válidas essas duas propostas. Nós não as incluímos no Plano de Governo deste ano para o Executivo por entender que nós temos outras prioridades e eu tenho um compromisso muito grande com meu Plano de Governo. O que está nele é o que iremos procurar oferecer e cumprir com a sociedade. E, claro, se houver recurso, se houver tempo para isso, em quatro anos, nós vamos buscar adotar todas as outras medidas que um dia eu já defendi”, ponderou.
O jovem prefeito falou ainda sobre como surgiu o desejo de ingressar na política. “Eu milito no movimento estudantil desde a faculdade, aos 17 anos. Fui da UNE (União Nacional dos Estudantes), pertenci à Fenecic (Federação Nacional dos Estudantes de Ciências Contábeis) e, na faculdade, como professor universitário, sempre participei ativamente das mobilizações junto aos alunos. Fora que, desde criança, sempre fui representante de turma, líder. Quando eu entrei no serviço público, em 2007, através de concurso público, essa vontade de liderar voltou à flor da pele. Então, realmente, eu não tenho um padrinho político. A minha história é nascida da independência. Foi uma vontade própria construída ao longo dos anos. E este ano, entendendo o cenário político nacional e o cenário político local, oferecemos para a cidade um projeto técnico, um projeto coerente e um projeto de mudança. A sociedade aceitou e viu que tínhamos a melhor proposta para fazer um bom governo”, contou.
Com uma diferença de apenas 3%, Ednardo Barbosa (PMDB) conquistou a cadeira do executivo aos 38 anos, em sua segunda candidatura ao cargo em Pinheiral. Ele venceu o atual prefeito, o professor José Arimathéa Oliveira (PSB), com uma vantagem de 429 votos, atingindo 46,83% das urnas, contra 43,83% de seu oponente.
Ednardo Barbosa, durante a campanha eleitoral o senhor foi chamado de marionete. Atribui isso ao fato de ser jovem e de pouca experiência administrativa? – A juventude é algo que tenho orgulho em ter, assim como, a experiência administrativa que possuo comprovada principalmente durante os meus trabalhos exercidos na Procuradoria, Governo e principalmente, como secretário de Saúde de Pinheiral, no desafio que me foi oferecido no governo do ex-prefeito, Antônio Carlos Leite Franco, Doutor Toninho. Aliás, desafio com resultados positivos, pois tive a oportunidade de trabalhar em ações marcadas pela construção como a primeira clínica municipal de Fisioterapia, que foi também a primeira construída no Estado. Quanto aos termos depreciativos que, não foram poucos, utilizados para ofender a mim e a minha família, infelizmente na disputa eleitoral existem pessoas que usam essa prática ao invés de trabalhar com propostas. Fiz a minha campanha ouvindo os moradores de todos os bairros em nossas caminhadas e reuniões, essa foi a minha diferença. Aliás, há uma enorme diferença entre ser marionete e ter parceiros que contribuem positivamente com a cidade. Prova disso, é que mesmo antes de assumir como prefeito já consegui 2,3 milhões de recursos para 2017, de emendas parlamentares para os setores da Saúde, Esporte, Agricultura e Assistência Social para Pinheiral. Em menos de um mês após ser eleito consegui R$1.035.000,00 para o setor da Saúde e Esporte, do deputado Marco Antônio Cabral (PMDB/RJ). Do deputado Deley (PTB/RJ) são emendas para Reestruturação de Unidades de Atenção Especializada em Saúde e para Esporte Educacional, Recreativo e de Lazer no valor total R$700,00 e R$200.000,00 para o setor Agropecuário do deputado, Alexandre Serfiotis (PMDB/RJ). Já no início deste mês de novembro o deputado e líder de Bancada do PPS, Comte Bittencourt, enviou um comunicado para que apresentasse emendas, tendo em vista, o início da análise da Lei Orçamentária Anual – LOA para o exercício de 2017. Com essa ação Pinheiral poderá receber mais R$300 mil em projetos voltados para o setor da Assistência Social a partir de 2017.
– Quais desafios você vê a sua frente e como pretende enfrentá-los? Além do que já ouvimos da população na campanha, só teremos a total dimensão dos desafios ao conhecer a realidade e o comprometimento financeiro da cidade, ou seja, se a transição em todas as suas etapas for concluída junto a atual gestão. Acredito que dificuldade a gente supera com trabalho, em equipe e com pessoas comprometidas em fazer o melhor para a população da cidade e isso, nós teremos.
– O slogan de sua campanha foi ‘Mudar para Avançar’. Durante a corrida eleitoral você defendeu uma proposta de mudança. Em sua avaliação qual a mais importante mudança a ser feita na cidade? Nossa proposta é mudar para avançar principalmente a realidade nas áreas da Saúde e da Educação, pois esse é o maior alvo de queixa da população. A cidade tem condições de voltar a ter bons índices na Educação, como o IDEB, que já chegou a superar metas e ter escolas que atingiram os índices previstos para o ano de 2021.
– Diante da sua vitória nas urnas, o que a população de Pinheiral pode esperar da sua gestão? Trabalho, responsabilidade e comprometimento em lutar por ações que ofereçam melhor qualidade de saúde e vida para quem mais precisa que é a população.
*Diferente da dinâmica das entrevistas com os prefeitos eleitos de Barra Mansa e Volta Redonda, o prefeito eleito de Pinheiral limitou-se a responder as perguntas por e-mail através de sua assessoria, que solicitou a publicação das respostas na íntegra. Assim o fizemos.