Os comerciantes da Feira Livre de Volta Redonda estão apreensivos com as alterações que eles afirmam que poderão acontecer no funcionamento daquele comércio, e que estariam sendo avaliadas para implementação pelo governo municipal. A setorização das barracas é uma medida que deverá reuni-las por tipo de produto, deixando para trás a já tradicional aleatoriedade nas disposições das mesmas, como é habitual.
De acordo com o representante dos feirantes, o comerciante de frutas, Edmar Sales de Oliveira, a ideia não agradou a quase que a totalidade dos interessados. “Estivemos reunidos com o governo municipal, a cerca de dois meses, e fizemos nossa solicitação, que foi a de manutenção do atual modelo. Esperamos que a vontade dos interessados seja garantida”, afirmou Edmar, esclarecendo que outros 11 feirantes compõem a comissão que negocia as propostas.
O dirigente explicou que a proposta levantada pelo governo foi a de que houvesse padronização das barracas, e ainda, uma setorização. “Não concordamos com a ideia, até por que o movimento de clientes continua aquém do desejado e do normal. A manutenção do modelo, historicamente existente, favorece tanto clientes, como comerciantes”, afirmou Edmar Oliveira, detalhando que o comércio de frutas, legumes e verduras teria lonas na cor verde e branca; as barracas de queijo seriam com lonas nas cores amarelo e branco; e as barracas de lanches e churrasquinhos nas cores vermelha e branca.
Edmar contou ainda que foi encaminhada ao governo municipal a solicitação para que os comerciantes de roupas, calçados e produtos de armarinho retornem com as barracas na Feira Livre do bairro Retiro. Essas barracas foram impedidas de funcionar durante o período da pandemia da Covid-19, por não serem de primeira necessidade. “Como a pandemia recuou, creio que está na hora de revogar a proibição e retornar com as vendas desses produtos na feira do bairro Retiro, às terças-feiras”, avaliou.
Sabedor da proposta dos feirantes, o vereador Sidney Teixeira, o Dinho (Patriota), foi procurado por alguns dos comerciantes, e adotou uma postura de conciliação, para buscar uma solução que atenda a vontade de clientes, feirantes e governo. “Entendo a necessidade do governo, bem como a dos feirantes. Precisamos encontrar um denominador comum para que tenhamos uma solução favorável a todas as partes envolvidas. Sempre lembrando que a legalidade e o interesse comum prevaleçam”, afirmou Dinho, que propôs agendar uma reunião com o prefeito Antônio Francisco Neto (União Brasil) para discutir sobre o assunto e buscar uma solução viável.
OFICIAL – A informação obtida pela reportagem junto à Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Volta Redonda (Secom) foi a de que “existem conversas com os feirantes, mas ainda não há estudo. A Secretaria Municipal de Fazenda aguarda a criação de uma comissão formada por esses comerciantes”, diz a nota.
Outro que confirmou o desejo de que a situação fosse resolvida é o ex-presidente da Associação dos Feirantes, Laudeil Gonçalves do Nascimento. Ele avaliou como inoportuna a proposta, e que as alterações prejudicariam as vendas. “A feira é um shopping a céu aberto, e as pessoas querem circular pela diversidade de produtos oferecidos. Não cabe essa coisa de setorização das barracas. Entendo que alguns comerciantes têm extrapolado no tamanho das barracas, mas nada a ver essa nova padronização. Defendo que as questões de segurança para comerciantes e clientes precisam ser respeitadas, para que, em caso de acidentes, ou que alguém se sinta mal, tenha garantido o socorro por ambulância e corpo de bombeiros”, relatou Laudeil, que presidiu a Associação dos Feirantes por 16 anos seguidos.
Consultado sobre o assunto, o metalúrgico aposentado Edmir Martins, que estava acompanhado da esposa, e faziam compras na Feira Livre do bairro Retiro, afirmou ser favorável à setorização. “Se fosse setorizado, poderíamos ter facilitadas nossas buscas pelos produtos de forma mais rápida e tranquila. Quem oferecer o melhor atendimento, qualidade do produto e preço, teria garantida a venda. E não dificultaria a localização dos feirantes que prestam os melhores atendimentos”, avaliou Edmir.
A proprietária da barraca de queijos, Elisa de Moura, defende a padronização do tamanho das barracas, mas discorda da proposta de setorização. “Essa proposta de setorização tem como pano de fundo o projeto ‘Rua de Compras’. O projeto acabou por modificar a feira livre e prejudicou as vendas. E ainda sofremos com a desunião dos feirantes e a exclusão das barracas de roupas e calçados aqui no bairro Retiro”, disse Elisa.
Quem também faz coro é o técnico em manutenção de fogões e panelas, Eli Carlos de Almeida, proprietário da barraca 163, também conhecido pelo apelido ‘Russo’. Ele afirmou que a ideia da setorização já estaria descartada. “Já temos uma indicação de que não será adotada. Seria de grande valia, para nós feirantes, a ampliação do horário de recolhimento das barracas de 14 horas para 17 horas. Teríamos mais tempo para reorganizar as ruas onde ficam montadas as barracas. Como não podemos colocar os veículos que guardamos os produtos e as peças das barracas nas proximidades, acabamos prejudicados, e ainda somos multados pelos fiscais da prefeitura por ultrapassarmos o horário de desmonte”, reclamou Eli Carlos.