Formas de preconceitos e tabus contra a população LGBTI foram debatidas em roda de conversa com profissionais de saúde pública e de órgão de defesa dos direitos humanos
“Desmistificando as IST’S no mês do Orgulho LGBTI” foi o tema de uma palestra e roda de conversa na tarde da última terça-feira, dia 20, na sede do Centro de Doenças Infecciosas (CDI) Luiz Gonzaga de Souza Clímaco, no bairro Aterrado, em Volta Redonda. O encontro foi organizado pela Divisão de Políticas da Diversidade de Gênero da SMDH (Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos. Participaram membros do CDI, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), SUS (Sistema Único de Saúde), Centro de Cidadania LGBTI do Médio Paraíba, que faz parte do Programa Rio Sem LGBTIFOBIA e Social do governo estadual.
A diretora da Divisão de Política da Diversidade de Gênero, Francyne Francisco, avaliou o encontro e o tema da roda de conversa: “A roda de conversa é uma metodologia de trabalho que promove a diversidade. Com diálogos democráticos alinhamos o trabalho e ouvimos os usuários dos serviços. Essa temática é relevante, pois, além de trazer consciência, rompe com o preconceito eminente. Nós da SMDH estamos muito felizes com esse evento e, para além do mês do Orgulho LGBTI, as parcerias continuarão”.
O advogado Alan Gabriel Reis Pinto, do Centro de Cidadania (equipamento do Programa Estadual Rio Sem LGBTIfobia, que, por meio de convênios, atende os municípios de Volta Redonda, Barra Mansa, Piraí, Pinheiral e Rio Claro), lembrou que o tema interessa à comunidade LGBTI e a toda a sociedade com mais conhecimentos.
“Acredito que a roda de conversa foi de extrema importância para alinhar e intensificar o fluxo entre os órgãos que nela compareceram, considerando a baixa aderência da população-alvo, o que fortalece o argumento de que os profissionais precisam se juntar, para prestar atendimento de melhor qualidade possível e conseguir captar e fazer permanecer os usuários nas instalações públicas, usufruindo dos serviços ofertados. O tema abordado é de grande impacto para a população LGBTI, que sofre discriminação e pré-julgamentos baseados numa crença erroneamente enraizada de que o HIV e outras doenças infecciosas são exclusivas da comunidade LGBTI, o que não é verdade. As doenças podem atingir a qualquer grupo de pessoas e faixas etárias diferentes”, concluiu.
A coordenadora do Centro de Doenças Infecciosas (CDI), Maria Elizabete de Aguiar Rangel, destacou os avanços na roda de conversa: “Muito importante participar dessa sequência de trabalho em conjunto com as demais parceiras, principalmente com esta capacitação e integração de entender o que cada um faz neste atendimento público aos usuários. Uma troca de ideias muito enriquecedora”, frisou.
A SMDH esteve representada também pela chefe de Gabinete, Juliana Rodrigues, e pela diretora da Departamento de Políticas para o Direitos Humanos, Josinete Pinto. Também estiveram presentes o coordenador do Centro de Cidadania LGBTI, Natã Teixeira, e equipe técnica; além de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e outras convidadas.
Material informativo
Um material explicativo sobre o vírus HIV foi distribuído e comentado, citando a derrubada de mitos e preconceitos que foram criados contra os pacientes que carregam o HIV. Segue trecho do texto do material informativo: “Ao longo dos anos perpetuaram-se estigmas e preconceitos de que o HIV/AIDS era uma doença apenas de homossexuais e também que esta seria uma doença de morte. Aos poucos essa ideia vem sendo desconstruída, pois atualmente entende-se que o vírus pode atingir toda a população, independentemente de orientação sexual, identidade de gênero, raça ou faixa etária”.
Vale ressaltar que a doença não tem cura, portanto, a prevenção é fundamental. Outros mitos que precisam de ser derrubados são: todos que vivem com HIV têm AIDS; viver com HIV não é a mesma coisa que ter AIDS, que é um estágio avançado da infecção com diminuição grave da imunidade do organismo. Muitos vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo, facilitando o surgimento de doenças oportunistas.
Mulheres com HIV não podem engravidar: mito, porque, com a evolução no tratamento, pessoas com útero, que vivem com HIV, podem engravidar e dar à luz a crianças sem o vírus. A contaminação do bebê pela mãe pode ser evitada quando as gestantes aderem ao tratamento corretamente e ficam sem o vírus detectáveis nos exames de sangue (carga viral indetectável). O aleitamento ainda não é indicado, tendo em vista que o leite e o sangue são fluídos de transmissão do vírus.
Quem vive com HIV no país não está desamparado. O país que já foi considerado referência mundial no tratamento do HIV e da AIDS possui algumas leis, normas técnicas e resoluções que resguardam os direitos das pessoas que vivem com HIV. Existem filmes, séries e livros que orientam o público e os portadores do vírus.
Fotos de divulgação.
Secom/PMVR