No cenário histórico do Brasil, as lutas pela emancipação de determinadas regiões sempre foram marcos importantes na trajetória política e social do país. E não foi diferente com Volta Redonda, cidade que emergiu como um ícone da industrialização e desenvolvimento. O processo de emancipação desse território, localizado no estado do Rio de Janeiro, teve seu início no período imperial, mas foi somente no século XX que a campanha ganhou força e culminou na criação do município que conhecemos hoje como a “cidade do aço”.
Os primeiros indícios de aspiração emancipacionista surgiram em 1874, quando os moradores de Volta Redonda pleitearam a elevação do povoado à categoria de freguesia. Entretanto, foi apenas na metade do século XX que a campanha ganhou impulso significativo. Em 1950, Lucas Evangelista de Oliveira Franco defendeu a separação de Volta Redonda do município de Barra Mansa durante uma reunião realizada na Loja Maçônica Independência e Luz II.
Na época, o deputado de Angra dos Reis na Assembleia Legislativa Fluminense, Moacir de Paula Lobo, chegou a propor um projeto de criação de Volta Redonda, mas esse não obteve sucesso. No entanto, o movimento emancipacionista já estava ganhando força e apoio popular, o que despertou a retaliação de parlamentares barra-mansenses que tentaram impedir o sucesso da separação. Contudo, a iniciativa dos opositores não surtiu o efeito desejado.
Em meio às disputas políticas e à crescente pressão da população pela emancipação, uma figura se destacou nesse movimento: Sávio Gama. Influente e prestigiado, ele foi considerado um importante reforço econômico para a causa da emancipação de Volta Redonda.
Além disso, a imprensa desempenhou um papel relevante na mobilização popular. O periódico “Revérbero Autonomista Volta-Redondense”, criado pelo jornalista José Botelho de Athayde, teve participação ativa na disseminação das ideias e na conscientização da população sobre a importância da emancipação.
Em 1952, foi criado o Centro Cívico Pró-Emancipação, por iniciativa de Lucas Evangelista de Oliveira Franco, fortalecendo ainda mais o movimento. No ano seguinte, em 1953, após um árduo trabalho realizado pelo deputado Vasconcelos Torres, o plebiscito autonomista foi aprovado. O resultado dessa consulta popular foi esmagadoramente favorável à emancipação, com 2809 votos a favor da separação e apenas 24 votos contra.
Evento de Emancipação realizado no Recreio dos Trabalhadores
Finalmente, em 22 de junho de 1954, o projeto de emancipação de Volta Redonda foi apresentado na Assembleia Legislativa pelo mesmo Vasconcelos Torres. Após um processo de análise e debates, a lei 2185 foi aprovada em 17 de julho de 1954, marcando o nascimento oficial do município de Volta Redonda.
Com a emancipação,a cidade de Volta Redonda pôde trilhar seu próprio caminho de desenvolvimento. A partir desse momento, teve a oportunidade de explorar suas potencialidades industriais, especialmente no setor siderúrgico, que se tornaria a marca registrada da cidade.
A criação do município de Volta Redonda representou um marco na história da região, impulsionando o crescimento econômico e proporcionando novas oportunidades para seus habitantes. A cidade rapidamente se consolidou como um importante polo industrial e atraiu investimentos de empresas nacionais e internacionais.
Ao longo dos anos, Volta Redonda se transformou em um centro industrial de destaque, sendo reconhecida como uma das principais produtoras de aço do país. O setor siderúrgico impulsionou a geração de empregos, o crescimento urbano e o desenvolvimento de infraestrutura na cidade.
Fotos: Volta Redonda Antiga