Companhia implementa tecnologia desenvolvida pela iniciativa Solo Novo a fim de usar resíduos para restaurar áreas degradadas por voçorocas
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Solo Novo, empresa especializada em tecnologias sustentáveis, firmaram uma parceria estratégica e inovadora na gestão do descarte dos resíduos siderúrgicos. O objetivo é a redução de impactos ambientais e o aumento da eficiência produtiva.
Essa parceria consiste na utilização de processos avançados de tratamento de resíduos, aliados a tecnologias de reciclagem e reaproveitamento. A abordagem pioneira permitirá destinar os resíduos industriais inorgânicos e não perigosos, para restaurar áreas degradadas por voçorocas (fenômeno de erosão avançada de solos).
A CSN tem investido em métodos para revalorizar os resíduos gerados em suas operações, propondo soluções criativas a partir do conceito da economia circular. Atualmente, 94% do volume de resíduos gerados na Usina Presidente Vargas (UPV), no Rio de Janeiro, já é reaproveitado, reciclado ou reutilizado em outros processos ou como subprodutos em diferentes cadeias produtivas.
Até 2021, os outros 6% desse montante eram enviados para aterros convencionais. Apesar de legais, esses empreendimentos, além de impactar áreas nativas, carregam riscos ao meio ambiente, como potenciais vazamentos que podem contaminar o solo e lençóis freáticos.
Em busca de uma solução alternativa a essa destinação, a empresa abraçou a iniciativa do pesquisador Dr. Julio Prezotti, nessa tecnologia que está transformando o método como as grandes indústrias destinam seus resíduos, encaminhando os resíduos industriais inorgânicos e de classe II, ou seja, não perigosos, para restaurar áreas degradadas por voçorocas.
Voçorocas são áreas de profunda erosão no solo, que expõem o lençol freático e sofrem um processo de degradação que, a partir da força das águas da chuva e de outras intempéries, aprofundam e ampliam sua exposição. Essas formações podem ser extremamente destrutivas, pois comprometem a estabilidade do solo, causam deslizamentos de terra, assoreamento de rios e até mesmo o colapso de estruturas civis próximas.
“O método desenvolvido pela Solo Novo, com o apoio da CSN, e patenteada pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, é inovador, já que é capaz de recuperar as voçorocas a partir da disposição de resíduos não-perigosos e oriundos do processo siderúrgico nas grandes valas causadas pela erosão. Por meio de um processo técnico de engenharia e geologia, a iniciativa torna possível que essas áreas retornem à sua configuração natural”, explica Helena Brennand Guerra, Diretora de Sustentabilidade e Meio Ambiente da CSN.
A parceria entre CSN e Solo Novo teve início num acordo exclusivo para a recuperação de uma voçoroca localizada em Pinheiral/RJ decorrente da exploração inadequada da vegetação natural, plantação de café e criação de gado. A combinação da geografia, do impacto das chuvas e dos ventos nesse ambiente descoberto acarretou deslizamentos de terra e erosões, criando enorme valas com impactos praticamente irreversíveis à sua conformação natural. “A partir dessa nova técnica, a área será restaurada e será novamente integrada à paisagem natural da região”, comemora Helena.
O licenciamento ambiental desse novo tipo de destinação foi aprovado pelo órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro, INEA, que acompanhou o desenvolvimento das atividades. Membros do Grupo de Apoio Técnico Especializado ligado ao Ministério Público Estadual também acompanharam a implantação do empreendimento, que ganhou notoriedade pelos resultados e vem sendo incentivado pelo INEA a ser replicado em outras áreas do estado do Rio de Janeiro como uma solução para recuperação de áreas degradadas.
“Trata-se de uma prática sustentável que visa não só uma nova solução para destinação de resíduos não-perigosos, como também uma prática que preserva e recupera os recursos naturais. Assim, a CSN e a Solo Novo caminham para a construção de um mundo em que as indústrias contam com alternativas cada vez mais inovadoras, que valorizam e transformam resíduos em ativos economicamente viáveis e socio-ambientalmente responsáveis”, finaliza Helena.