Vilarejo onde hoje se situa o bairro Niterói, antes da chegada da CSN
Essa matéria abre a série de reportagens especiais contando a história de Volta Redonda desde os primórdios até os dias atuais.
Localizada no estado do Rio de Janeiro, Volta Redonda é uma cidade que carrega consigo uma história rica e um importante legado industrial. Seus primórdios remontam ao início do século XX, quando a região abrigava um promissor horizonte de desenvolvimento.
A história de Volta Redonda remonta ao século XVIII, quando desbravadores chegaram à região e denominaram uma curiosa curva do Rio Paraíba do Sul como “Volta Redonda”. Nesse local, garimpeiros exploraram ouro e pedras preciosas, dando início à ocupação da região. Grandes propriedades foram instaladas, posteriormente dando origem a comunidades que se tornariam bairros e vilas, como Três Poços, Belmonte, Santa Cecília, Retiro e Santa Rita. Durante os séculos XIX e XX, essas terras tiveram uma intensa atividade agropecuária, participando dos ciclos econômicos do café e da pecuária leiteira que antecederam a consolidação da produção industrial brasileira.
Em torno de 1860, foi criado o primeiro núcleo urbano na região, chamado de Arraial de Santo Antônio da Volta Redonda. O Rio Paraíba do Sul, navegável entre Resende e Barra do Piraí, experimentou grande expansão nas décadas de 1860 e 1870, período em que a Estrada de Ferro D. Pedro II também chegou à região.
Após idas e vindas, Volta Redonda tornou-se distrito do município de Barra Mansa em 1890, 1922 e, finalmente, em 1926. No entanto, a transformação mais significativa ocorreu com a chegada da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Maquete original da Companhia Siderúrgica Nacional
A CSN foi criada durante o Estado Novo, por decreto do presidente Getúlio Vargas, após um acordo diplomático chamado “Acordos de Washington”, firmado entre os governos brasileiro e estadunidense. Esse acordo previa a construção de uma usina siderúrgica capaz de fornecer aço aos aliados durante a Segunda Guerra Mundial e, em tempos de paz, contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Os fundos norte-americanos foram viabilizados pelo Export-Import Bank of the United States (EXIMBANK), uma vez que a iniciativa privada dos Estados Unidos não havia demonstrado interesse no empreendimento.
Em 1940, a produção de ferro gusa e lingotes de aço havia aumentado, mas a produção de laminados ainda não atendia à demanda. A indústria brasileira não estava preparada para fornecer produtos pesados, como trilhos e chapas de aço para ferrovias, estaleiros e construtoras. O coronel Macedo Soares, engenheiro militar e presidente da comissão responsável pelos estudos para a instalação da siderúrgica, defendia a construção da usina na região do Vale do Paraíba, que estava em declínio devido à crise na cultura do café no estado do Rio de Janeiro. Amaral Peixoto, interventor do estado na época e genro de Vargas, também apoiava essa proposta. Em um discurso em 7 de maio de 1943, o presidente Vargas saudou a nova usina como símbolo da emancipação econômica do Brasil.
A Companhia Siderúrgica Nacional iniciou efetivamente suas operações em 1946, durante o governo de Eurico Dutra. Desde então, a presença da CSN tem sido fundamental para o desenvolvimento industrial e econômico de Volta Redonda e região, impulsionando o crescimento da cidade e contribuindo para a consolidação de um dos maiores polos siderúrgicos do país.
A história de Volta Redonda, desde suas origens como um local de exploração mineral até a chegada da Companhia Siderúrgica Nacional, é marcada por transformações significativas que moldaram a identidade e o desenvolvimento do município ao longo dos anos.
Imagens: Volta Redonda Antiga